sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Que venha 2011...

"Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido... Transcorrendo, transformando... Tempo e espaço navegando todos os sentidos..."  (http://www.youtube.com/watch?v=C-BADckQhP4)

Aos meus amigos e amigas,

Meu desejo no final de mais essa década é que eu e vocês continuemos a gostar da vida, recebendo-a em sua inteireza: saboreando cada alegria, e não desanimando diante das tristezas e contradições; que a gente possa seguir nessa teia de relações, que por vezes nos aborrecem e sobrecarregam, mas que é o único modo de encontrar um rumo nessa complexidade dura e bela que é o viver. 
Se o ano novo vai ser bom ou novo, eu não sei. Qual a saída para os problemas, muito menos. A única coisa que posso dizer com minha reserva de esperança é: "Vamos lá fazer o que será..." (http://www.youtube.com/watch?v=vJyK8R-u2ek)
Abraço para quem é de abraço, beijo pra quem é de beijo. 
Feliz 2011

domingo, 19 de setembro de 2010

Eleições 2010 - Pronunciamento da Aliança

Olá meus amigos e amigas,

Meio que depois de todo mundo envio para vocês o pronunciamento da Aliança de Batistas do Brasil, da qual faço parte e sou atualmente vice-presidente.

Sei que vocês já leram aqui ou aculá, mas fica mesmo como um registro histórico aqui no Blog da importância dessa tomada de posição. Além do que, tiro um pouco das teias de aranhas que já estavam inundando os cantos por aqui... rss

Ah, e vejam também o vídeo do Pr. Marcos Monteiro, gravado com altíssima tecnologia... a câmera de meu celular... rsss

http://www.youtube.com/watch?v=AHlMgc_P6HA

Abraços,

JZ.


ELEIÇOES 2010: PRONUNCIAMENTO DA ALIANÇA DE BATISTAS DO BRASIL
http://www.aliancadebatistas.com.br/page/modules/smartsection/item.php?itemid=28



A Aliança de Batistas do Brasil vem, por meio deste documento, reafirmar o compromisso histórico dos batistas, em todo o mundo, com a liberdade de consciência em matéria de religião, política e cidadania. A paixão pela liberdade faz com que, como batistas, sejamosum povo marcado pela pluralidade teológica, eclesiológica e ideológica, sem prejuízo de nossa identidade. Dessa forma, ninguém pode se sentir autorizado a falar como “a voz batista”, a menos que isso lhe seja facultado pelos meios burocráticos e democráticos de nossa engrenagem denominacional.

Em nome da liberdade e da pluralidade batistas, portanto, a Aliança de
Batistas do Brasil torna pública sua repulsa a toda estratégia político-religiosa de “demonização do Partido dos Trabalhadores do Brasil” (doravante PT). Nesse sentido, a intenção do presente documento é
deixar claro à sociedade brasileira duas coisas: (1) mostrar que tais
discursos de demonização do PT não representam o que se poderia conceber como o pensamento dos batistas brasileiros, mas somente um posicionamento muito pontual e situado; (2) e tornar notório que, como batistas brasileiros, as ideias aqui defendidas são tão batistas quanto as que estão sendo relativizadas.


1. A Aliança de Batistas do Brasil é uma entidade ecumênica e dedicada, entre outras tarefas, ao diálogo constante com irmãos e irmãs de outras tradições cristãs e religiosas. Compreendemos que tal 
posicionamento não fere nossa identidade.

Do contrário, reafirma-a enquanto membro do Corpo de Cristo, misteriosamente Uno e Diverso.Assim, consideramos vergonhoso que pastores e igrejas batistas histórica e tradicionalmente anticatólicos, além de serem caracterizados por práticas proselitistas frente a irmãos e irmãs de outras tradições religiosas de nosso país, professem no presente momento a participação em coalizões religiosas de composição profundamente suspeita do ponto de
vista moral, cujos fins dizem respeito ao destino político do Brasil.

Vigoraria aí o princípio apontado por Rubem Alves (1987, p. 27-28) de que “em tempos difíceis os inimigos fazem as pazes”? Com o exposto, desejamos fazer notória a separaçãoentre os interesses ideológicos de tais coalizões e os valores radicados no Evangelho. Por não representarem a prática cotidiana de grande fração de pastores e igrejas batistas brasileiras, tais coalizões deixam claro sua intenção e seu fundo ideológico, porém, bem pouco evangélico. Logrado o êxito buscado, as igrejas e os pastores batistas comprometidos com as coalizões “antipetistas” dariam continuidade à prática ecumênica e ao diálogo fraterno com a Igreja Católica, assim como com as demais denominações evangélicas e tradições religiosas brasileiras? Ou logrado o êxito perseguido, tais igrejas e pastores retornariam à postura de gueto e proselitismo que lhes marcam histórica e tradicionalmente?


2. Como entidade preocupada e atuante em face da injustiça social que
campeia em nosso país desde seu “descobrimento”, a Aliança de Batistas do Brasil sente-se na obrigação de contradizer o discurso que atribui ao PT a emergente “legalização da iniquidade”. Consideramos muito estranho que discursos como esse tenham aparecido somente agora, 30 anos depois de posicionamentos silenciosos e marcados por uma profunda e vergonhosa omissão diante da opressão e da violência a liberdades civis, sobretudo durante a ditadura militar (1964-1985). Estranhamos ainda que tais discursos se irmanem com grupos e figuras do universo político-evangélico maculadas pelo dinheiro na cueca em Brasília, além da fatídica oração ao “Senhor” (Mamon?).

Estranhamos ainda que tais discursos não denunciem a fome, o acúmulo de riqueza e de terras no Brasil (cf. Isaías 5,8), a pedofilia no meio católico e entre pastores protestantes, como iniquidades há tempos institucionalizadas entre nós.

Estranhamos ainda que tais discursos somente agora notem a possibilidade da legalização da iniquidade nas instituições governamentais, e faça vistas grossas para a fatídica política neoliberal de FHC, além da compra do congresso para aprovar a reeleição. Estranhamos que tais discursos não considerem nossos códigos penal e tributário como iniquidades institucionalizadas. Os exemplos de como a iniquidade está radicalmente institucionalizada entre nós são tantos que seriam extenuantes. Certamente para quem se domesticou a ver nas injustiças sociais de nosso Brasil um fato “natural”, ou mesmo como a “vontade de Deus”, nada do mencionado antes parece ser iníquo. Infelizmente!


3. Como entidade identificada com o rigor da crítica e da autocrítica,
desejamos expressar nosso descontentamento com a manipulação de
imagens e de informações retalhadas, organizadas como apelo emocional e ideológico que mais falseia a realidade do que a
apreende ou a esclarece. Textos, vídeos, e outros recursos de
comunicação de massa, devem ser criteriosamente avaliados. 
Os discursos difamatórios tais como os que se dirigem agora contra o PT quase sempre se caracterizam por exemplos isolados recortados da realidade.

Quase sempre, tais exemplos não são representativos da totalidade dos grupos e das ideologias envolvidas. Dito de forma simples: uma das armas prediletas da difamação é a manipulação, que se dá quase sempre pelo uso de falas e declarações retiradas do contexto maior de onde foram emitidas. Em lugar de estratégias como essas, que consideramos como atentados à ética e à inteligência das pessoas, gostaríamos de instigar aos pastores, igrejas, demais grupos eclesiásticos e civis, o debate franco e aberto, marcado pelo respeito e pela honestidade, mesmo que resultem em divergências de pensamento entre os participantes.


4. A Aliança de Batistas de Brasil é uma entidade identificada com a promoção e a defesa da vida para toda a sociedade humana e para o planeta. Mas consideramos também que é um perigo quando o discurso de defesa da vida toma carona em rancores de ordem política e ideológica.

Consideramos, além disso, como uma conquista inegociável a laicidade de nosso estado. Por isso, desconfiamos de todo discurso e de todo projeto que visa (re)unir certas visões religiosas com as leis que regem nossa sociedade. A laicidade do estado, enquanto conquista histórica, deve permanecer como meio de evitar que certas influências religiosas usurpem o privilégio perante o estado, e promova assim a segregação de confissões religiosas diferentes. É mister recordar uma afirmação de um dos grandes referenciais teológicos entre os batistas brasileiros, atualmente esquecido: “Os batistas crêem na liberdade religiosa para si próprios. Mas eles crêem também na igualdade de todos os homens. Para eles, isso não é um direito; é uma paixão. Embora não tenhamos nenhuma simpatia pelo ateísmo, agnosticismo ou materialismo, nós defendemos a liberdade do ateu, do agnóstico e do materialista em suas convicções
religiosas ou não-religiosas” (E. E. Mullins, citado por W. Shurden).
Nossa posição está assentada na convicção de que o Evangelho, numa dada sociedade, não deve se garantir por meio das leis, mas por meio da influência da vida nova em Jesus Cristo. Não reza a maior parte das
Histórias Eclesiásticas a convicção de que a derrota do Cristianismo
consistiu justamente em seu irmanamento com o Império Romano? Impor a influência de nossa fé por meio das leis do Estado não é afirmar a fraqueza e a insuficiência do Evangelho como “poder de Deus para a salvação de todo o que crê”? No mais, em regimes democráticos como o Estado brasileiro, existem mecanismos de participação política e popular cuja finalidade é a construção de uma estrutura governamental cada vez mais participativa. Foi-se o tempo em que nossa participação política estava confinada à representatividade daqueles em quem votamos.


5. A Aliança de Batistas do Brasil se posiciona contra a demonização
do PT, levando em consideração também que tal processo nega o legado histórico do Partido dos Trabalhadores na construção de um projeto político nascido nas bases populares e identificado com a inclusão e a justiça social. Os que afirmam o nascimento de um “império da iniquidade”, com uma possível vitória do PT nas atuais eleições, “esquecem” o fundamental papel deste partido em projetos que trouxeram mais justiça para a nação brasileira, como, por exemplo: na reorganização dos movimentos trabalhistas, ainda no período da ditadura militar, visando torná-los independentes da tutela do Estado; na implantação e fortalecimento do movimento agrário-ecológico dos seringueiros do Acre pela instalação de reservas extrativistas na Amazônia, dirigido, na década de 1980, por Chico Mendes; nas ações em favor da democracia, lutando contra a ditadura militar e utilizando, em sua própria organização, métodos democráticos, rompendo com o velho “peleguismo” e com a burocracia sindical dos tempos varguistas; nas propostas e lutas em favor da Reforma Agrária ao lado de movimentos de trabalhadores rurais, sobretudo o MST; no apoio às lutas pelos direitos das crianças, adolescentes, jovens, mulheres, homossexuais, negros e indígenas; e na elaboração de estratégias, posteriormente transformadas em programas, de combate à fome e à miséria. Atualmente, na reta final
do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, vemos que muita coisa desse
projeto político nascido nas bases populares foi aplicado. O governo
Lula caminha para seu encerramento apresentando um histórico de
significativas mudanças no Brasil: diminuição do índice de desemprego,
ampliação dos investimentos e oportunidades para a agricultura familiar, aumento do salário mínimo, liquidação das dívidas com o FMI, fim do ciclo de privatização de empresas estatais, redução da pobreza e miséria, melhor distribuição de renda, maior acesso à alimentação e à educação, diminuição do trabalho escravo, redução da taxa de
desmatamento etc. É verdade que ainda há muito a se avançar em várias áreas vitais do Brasil, mas não há como negar que o atual governo do PT na Presidência da República tem favorecido a garantia dos direitos humanos da população brasileira, o que, com certeza, não aconteceria num “império de iniquidade”.

Está ficando cada vez mais claro que os pregadores que anunciam dos seus púpitos o início de uma suposta amplitude do mal, numa continuidade do PT no Executivo Federal, são os que estão com saudade do Brasil ajoelhado diante do capital estrangeiro, produzindo e gerenciando miséria, matando trabalhadores rurais, favorecendo os latifundiários, tratando aposentados como vagabundos, humilhando os desempregados e propondo o fim da história. 

Enfim, a Aliança de Batistas do Brasil vem a público levantar o seu
protesto contra o processo apelatório e discriminador que nos últimos
dias tem associado o Partido dos Trabalhadores às forças da iniquidade. Lamentamos, sobretudo, a participação de líderes e igrejas cristãs nesses discursos e atitudes que lembram muito a preparação das fogueiras da inquisição.

Maceió, 10 de setembro de 2010.
Pastora Odja Barros Santos - Presidente

Pastores/as batistas membros da Aliança

Pr. Joel Zeferino _ Igreja Batista Nazaré – Salvador-BA

Pr. Wellington Santos – Igreja Batista do Pinheiro – Maceió-AL

Pr. Paulo César – Igreja Batista Bultrins – Olinda –PE

Pr. Paulo Nascimento – Igreja Batista da Forene – Maceió-AL

Pr. Reginaldo José da Silva – Igreja Batista da Cidade evangélica dos órfãos – Bonança-PE

Pr. Waldir Martins Barbosa – Ig. Batista Esperança

Pr. Silvan dos Santos – Igreja Batista Pinheiros – São Lourenço da Mata- PE

Pr. Marcos Monteiro – Comunidade de Jesus – Feira de Santana – BA

Pr. João Carlos Silva de Araujo - Primeira Igreja Batista do Recreio

Pra. Marinilza dos Santos - Igreja Batista Pinheiros – São Lourenço da Mata- PE

Pr. Adriano Trajano – Chã Preta – AL

Pr. Pedro Virgilio da Silva Filho - Serrinha BA

Pr. Gilmar de Araújo Duarte - PIB Brás de Pina – RJ

Pr. Alessandro Rodrigues Rocha - SIB Petrópolis, Petrópolis RJ

Pr. Nilo Tavares Silva - Igreja:Batista em Praça do Carmo, Rio de Janeiro RJ

Pr.Luis Nascimento - Princeton, NJ – USA

Pr.Raimundo Barreto – USA

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Admirável trabalho novo...

Esse é para as minhas alunas e alunos de TS-IV. Vejam alguns links sobre o livro de Aldous Huxley:

http://livrosdamara.pbworks.com/f/admiravel_mundo_novo.pdf
http://www.bocc.uff.br/pag/nunes-maira-admiravel-mundo-novo.pdf
http://www.unisinos.br/blog/ppgdireito/files/2008/08/temis-huxley-2008.pdf

Ah sim, e não deixem de ouvir "Admirável Gado Novo" do Zé Ramalho:
http://www.youtube.com/watch?v=d5gu8FlDhfs&feature=related

Tá certo... ouçam também a Pitty... (em homenagem a minha amiga Bianca Daeb's):
http://www.youtube.com/watch?v=aXJ_Ub1xbhw

Se alguém ainda não entendeu o "espírito da coisa" (desculpem a redundância... rss), leiam também esse texto do "Grande Inquisidor", extraído do livro "Os irmãos Karamazóv", onde Dostoiévski,  de algum modo, defende o legado do Cristo como sendo um convite à liberdade:
http://www.scribd.com/doc/18746592/O-GRANDE-INQUISITOR

Só isso pessoal... pouca coisa não acham? rsss

(PS: Esse post teve o "patrocínio" de Déborah, que disse que com isso meu blog ia entrar para os "10 mais"... rsss)

domingo, 2 de maio de 2010

Com Cristo... do lado de fora da igreja

Estes que tem transtornado o mundo chegaram até aqui...” (Atos 17:6b)
"Oh! o negócio está apenas começado, bem longe de ser completado,  e a terra terá de sofrer ainda muito, mas atingiremos nosso fim, seremos césares  e então pensaremos na felicidade universal". (Os irmãos Karamazov – F. Dostoievski)


Um escândalo: homens, mulheres e crianças; judeus e gentios; servos e livres; letrados e iletrados. Todos fazendo parte de uma mesma comunidade, sem qualquer distinção a não ser pelo carisma-dom de cada um. Mais do que isso: anunciando que um homem pobre, que nasceu na desconhecida Galiléia, que viveu entre os excluídos de seu povo: prostitutas, publicanos, aleijados e leprosos; que morreu na cruz como um agitador; este era ao mesmo tempo o “Filho de Deus” e “Salvador da humanidade”. Obviamente para as elites deste tempo, isto era considerado um completo disparate! Pois ao invés de uma sofisticada doutrina de salvação, via iluminação através do conhecimento, ou de elaborados rituais e sacrifícios, os discípulos do Nazareno pregavam que Deus estava salvando a humanidade através da fé no Cristo, na simplicidade da vida, na comunhão do pão e do vinho, na compaixão para com os que estão em dificuldades (Tg. 1:26-27). Simples assim: fé, amor e solidariedade salvariam a humanidade, e seriam o verdadeiro critério para o julgamento Divino (Mt. 25:31-46). Por essa “ousadia”, as primeiras comunidades cristãs pagaram caro: foram alvo da intolerância por pessoas formadas na tradição judaica, por outros de cultura helênica, e principalmente por parte do império e suas estruturas de poder.
Com o passar do tempo, a situação foi ficando bem diferente: de uma “seita” formada por mulheres, pobres e crianças, o Cristianismo se tornou uma religião mundial, com templos que se assemelham a palácios, e detendo uma quantidade de poder – financeiro, político, social – que se reunidos numa única frente, poderiam modificar a realidade do mundo. Mas não mudou somente a situação socioeconômica. Mudaram também os valores. De oprimidos, em alguns casos, passamos a opressores. De “transtornadores” da realidade, nos acomodamos a ela, e nos tornamos conservadores, burgueses, moralistas. Ao invés de sermos os primeiros a incluir os novos marginalizados da sociedade, somos os últimos, e sempre com uma profunda má-vontade e resistência. Ficamos a reboque das leis; quando elas nos impedem de continuar segregando os negros (vide a África do Sul e EUA), paramos. Penso que, como diz o sociólogo de origem pentecostal Gedeon Freire, que no futuro, quando a lei impedir à discriminação e a incitação a violência contra os homossexuais, mesmo a contragosto, as comunidades cristãs irão se adequar para continuarem gozando de “legalidade e legitimidade” que parece que se tornou a grande obsessão do movimento cristão.
É verdade que comunidades cristãs prosseguem aqui e ali mantendo o espírito primeiro: pessoas que durante a semana são “invisíveis” por exercerem funções subalternas na sociedade, aos domingos se transformam em pregadores, pastoras e profetas, e passam a deter o poder de anunciar a mensagem de Deus; podem participar ativamente dos grupos de estudos, orarem em público, e não obstante não serem nada parecidos uns dos outros, são considerados e respeitados em suas diferenças e individualidade. Mas... ao mesmo tempo, o chamado “movimento de crescimento de igrejas” é uma frustração para quem ainda sonha com um Evangelho comprometido com a vida e com a humanidade. O que dizer de que igrejas adotam o sistema de “segmentação”, por que leram num livro da moda que diz que a igreja deve direcionar sua mensagem a um “público-alvo”, conseguindo assim uma maior eficiência no atendimento a essa “fatia do mercado”, e com isso, um número maior de membros? Claro que do ponto de vista da pragmático, é uma maravilha: pessoas parecidas, com gostos parecidos, reunidos num espaço que reflete o gosto comum.
Do lado de fora fica o resto do mundo, junto com Cristo, batendo na porta...                    

domingo, 4 de abril de 2010

A vida em face da morte

 “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, 
e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:20)
“Vida minha vida... olha o que é que eu fiz...” (Chico Buarque)


 “Viver é muito perigoso”; nisso concordam o filósofo Nietzsche e o personagem Riobaldo, da obra “Grande Sertão: veredas” de Guimarães Rosa. Exagerando um pouco, diria que todos nós concordamos tacitamente com eles, ainda que por motivos diferentes. Seja por que ficamos impressionados com as más notícias do telejornal; por teremos presenciado uma situação de violência; ou, ainda por ter vivido uma situação-limite, como um acidente ou enfermidade grave. Enfim... Há adágios suficientes que dão conta dessa fragilidade que é estar vivo: “Quem é nascido já é velho o suficiente para morrer”; “A única coisa certa na vida é a morte”.  Viver é mesmo a difícil busca de se equilibrar sobre a corda bamba...
Se é assim, o que fazer? 
É possível tentar fingir que não há perigo; inventar um mundo onde coisas ruins não acontecem – pelo menos não conosco -, e onde estamos livres de todos os perigos. Uma pausa: lembrei-me das narrativas sobre Sidarta Gautama, cuja busca espiritual começa justamente diante da perplexidade que experimenta diante da velhice da doença e da morte. Voltando ao assunto: fingir não ver o que é a realidade sempre acaba em decepção, pois mais hora menos hora, ela, a realidade nos cobra sua fatura.  Aquilo que mais tememos, acaba por nos alcançar (Jó 3:25).
Um segundo modo de lidar com o “perigo” da vida, é afundar-se num pessimismo cego. Passar a enxergar só as desgraças, revolver-se nelas. Afinal, se o fim de todos é a morte, por que ter esperança? Essa atitude peca por não perceber um aspecto óbvio – antes da morte, há algo grandioso, se não em tempo, mas em possibilidades, que é a vida. Não aproveitar tudo o que pudermos disso, é perder a grande oportunidade que temos - ainda que a vida seja na “fé” de alguns, um breve intervalo entre dois "nadas" ou talvez, principalmente aí - e que se renova a cada vez que o velho sol aparece no horizonte.
A terceira opção que encontro para lidar com os limites da vida, é ter coragem, muita coragem. É repetir tal qual vemos na narrativa de Jó: “O Senhor deu, o senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor”. Que fique claro: a beleza deste texto pra mim não está numa suposta inexorabilidade dos desígnios divinos. Não me anima a idéia de um Jó fatalista – é bom lembrar que ele passa boa parte de seu pequeno livro reclamando um bocado. O que acho interessante imaginar a partir deste texto, é um Jó que não lamenta as tragédias como se estivesse sendo castigado por Deus; ou ainda que aquilo que lhe aconteceu não deveria de modo nenhum tê-lo atingido. Não. Ele reconhece a inteireza da vida, com o que há de belo e de trágico. Nada lhe é estranho; tudo está contido na experiência de viver, incluindo a morte, como ilustra o que a tradição diz sobre São Francisco em seus momentos finais “Bem-vinda sejas, irmã minha, a morte!”.
É claro que nem sempre se tem tanta coragem assim. Lembrando do nosso Jó, ele fraqueja em diversos momentos de suas experiências trágicas, o que não apaga a beleza de sua decisão naquele momento difícil. Nós também, ainda que na inconstância de nossas emoções, podemos viver de tal maneira, com coragem e fé, amando a vida, sem negar a morte. Pois, como disse Guimarães Rosa, três dias antes sua morte: “A gente morre é pra provar que viveu (...) A gente não morre. Fica é encantado”.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ele e ela

Fiquei sabendo ontem sobre o concurso de microcontos que a ABL está promovendo no Twiter. Como estou descobrindo que teclar 140 caracteres não dói, mandei meu "textículo" também. Confira lá https://twitter.com/joelzef, confira aqui... você é quem sabe... rs

A inspiração do texto (se inspiração há  -  rss) é uma espécie de "Por que era ela, por que era eu" - http://www.youtube.com/watch?v=iolCyTnVcoA -  as avessas. Ou então foi em "Ela disse adeus" - http://www.youtube.com/watch?v=sxBPKpwb7yI -  do Paralamas, que tenho ouvido um bocado esses dias.  Tem ainda "Cedo ou tarde" do Paulinho Moska - http://vagalume.uol.com.br/paulinho-moska/cedo-ou-tarde.html - Humm... acho que vou ficar com a primeira, afinal, Chico é mais "cult"...

Enfim:

"Ele, triste, procurava fingir que não. Ela, feliz, procurava um modo de dizer. Olharam um para o outro e disseram: “Eu te amo”. E partiram"

(se você se deu ao trabalho de contar, descobriu que tem 141 caracteres. Na versão "oficial" não tem as "aspas" -  ops, acho que exagerei... rsss)

Atualização: 30/03/2010 - "Ele, triste, procurava fingir que não. Feliz, ela estava ansiosa por
falar. Olharam um para o outro e disseram: “Eu te amo”. E partiram".

sexta-feira, 26 de março de 2010

Os perigosos advogados de Deus


Notícias sobre pedofilia: dolorosas de se ler. É terrível imaginar só por um momento, a dor infligida a milhares de crianças ao redor do mundo vítimas de abuso por aqueles que deveriam protegê-las. Infelizmente, são justamente os pais, parentes próximos, professores e outros cuidadores, os maiores responsáveis por essa violência, o que torna o crime além de monstruoso, algo quase impossível de coibir.
E quando os responsáveis pelo abuso são lideranças religiosas? Bem, a pedofilia é terrível em qualquer lugar. Não creio que seja mais trágica ou horrível quando cometida por pastor ou padre, do que quando cometida por um pai ou padastro. O problema que envolve as instituições religiosas é outro. Além do crime extremamente grave do abuso de crianças, soma-se um esquema de ocultação, que quanto mais poderosa a instituição envolvida mais amplas são suas conseqüências.
É fato que nenhuma instituição, religiosa ou não, está livre de ter entre seus filiados pessoas que cometam os crimes mais absurdos. O que faz a diferença é como ela lida com esses criminosos. Há disposição para enfrentá-los com a força da lei, ou se procura esconder os envolvidos em nome de proteger a “imagem da instituição”? Infelizmente essa tem sido a prática nas igrejas, e isso tem ficado cada vez mais claro, nesse tempo em que temos visto notícias e mais notícias sobre os escândalos de pedofilia na igreja católica.
Há quem veja como principal causa da pedofilia entre os cléricos católicos, a inadequada lei do celibato, baseada numa imagem sobre o corpo e a sexualidade que nada tem a ver com a beleza como ela é apresentada, por exemplo, no livro dos Cânticos dos Cânticos, ou ainda na principal afirmação de fé do cristianismo de que Deus mesmo assumiu forma e corpo humano – sendo assim, o corpo não pode ser intrinsecamente mau. Isso pode até ser verdade, mas o que mais me incomoda é essa prática defendida por um representante do catolicismo, que o silêncio e a falta de transparência eram uma forma de proteger a igreja, e por extensão, Deus.
A história é pródiga em exemplos: todas as vezes que alguém se julga no dever de defender Deus, pessoas sofrem e morrem por isso. Certamente Deus não precisa de advogados assim. Caso precisasse, não seria Deus.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Espírito da Coisa - Divagações sobre o corpo... e o que mais?

Bom dia! (será que é mesmo manhã? Pode ser também tarde ou noite - no sentido literal e figurado...).

Ah... Apenas "oi" então...

Estou dando os primeiros passos na blogosfera. Sou um dentre milhares que alguém disse que deveria escrever um blog - amigos! Esses seres misteriosos...

Enfim, como todo blogueiro metido a intelectual (blargh...), vou dizer que estou aqui apenas para expressar minha individualidade, sem me importar se serei lido ou não - mentira! Todos querem a fama e fortuna, ou qualquer coisa que o valha...

Cacetada! Já passei os 120 caracteres... Esse não vão pro twiter, que aliás, nem tenho...

Ah... É só. E ponto.