por: Joel Zeferino.
Muritiba, 21 de junho de
2015.
1. “Nordestino, o que é isso?” - Reflexão
2. “Jesus, um nordestino” – Poesia – (Diógenes da Cunha Lima)
Eu penso que Jesus
devia nascer em Belém, na Paraíba, perto de Guarabira, e vizinho a Pirpirituba.
E se não bastasse a vizinhança a indicar rima e caminho, Nova Cruz.
Era filho caçula
de Dona Maria, uma mulher dona da beleza e que germinava bondade nas pessoas.
Era um menino moreno muito esperto, embalado em rede de algodão cru. Tinha
sandália com currulepo entre os dedos e cajus, em dezembro, a lhe matar a sede.
O seu pastor fora
um vaqueiro nordestino de gibão e perneira e guarda-peito, pra livrar as suas
carnes da Jurema.
E vieram adorar o
Deus-menino os Santos Reis, entrelaçados de bom jeito: um negro, um índio e um
branco português.
Seria fácil
encontrar espinhos para a Fronte Divina coroar, e um caminhão que ia por São
José do Egito, pra levar Jesus, o retirante, até São Paulo, um santo feito para
as grandes secas.
Meu Deus, meu
Deus, por que nos abandonaste, exclamaria, enquanto repartia com o povo nu as
suas vestes, multiplicadas como pães ou peixes.
Criança, era
carpinteiro como seu pai, fazendo caixões azuis para os anjos do lugar.
Brincaria de castanha, um castelo, como convém à sua alta Nobreza.
Academia, pulava
num pé só. E proezas faria num cavalo de pau. O seu jumento era mais magro,
certamente. E nem serviria pra carne de jabá.
Era um menino
desnutrido como os outros da região, a fazer o bem. Mudar aqui as coisas só vão
na base do milagre. Ou da força parida
da vontade.
Eu penso que Jesus
devia nascer em Belém. Em Belém da Paraíba.
Jesus Sertanejo
Luíz Gonzaga
1. Jesus, meu Jesus
sertanejo. Presença maior, minha crença. Nestas terras sem ninguém
Silêncio
na serra, nos campos. Ai desencanto que a gente tem
E o vento que sopra, ressoa. Ai sequidão que traz desolação
E o vento que sopra, ressoa. Ai sequidão que traz desolação
Ô ô Jesus razão!
Tão sertanejo, que entende até de precisão
2. De sol vou sofrer
ou morrer. E as pedras resplandem a dureza, a pobreza desse chão.
João,
um menino, um destino: ai nordestino, de arribação
Cenário de dor e de calvário. Ai muda a face desta provação
Cenário de dor e de calvário. Ai muda a face desta provação
3. Do céu há de vir solução. Na terra, a
semente agoniza, preconiza solidão
E a tarde que arde, acompanha. Ai tanta sanha de maldição
Aqui vou ficar, vou rezar. Ai vou amar a minha geração
E a tarde que arde, acompanha. Ai tanta sanha de maldição
Aqui vou ficar, vou rezar. Ai vou amar a minha geração
3. “Homem de dores...” – Leitura da profecia bíblica: Isaías
53:1-7
“Quem vai
acreditar na notícia que trazemos? A quem relatar o poder do Senhor? Crescia
diante dele como um broto, qual raiz que nasce da terra seca: Não fazia vista,
nem tinha beleza a atrair o olhar, não tinha aparência que agradasse. Era o
mais desprezado e abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na
dor, indivíduo de quem a gente desvia o olhar, repelente, dele nem tomamos
conhecimento. Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as
nossas dores, que levava às costas. E a gente achava que ele era um castigado,
alguém por Deus ferido e massacrado. Mas estava sendo traspassado por causa de
nossas rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que
teríamos de pagar caiu sobre ele, com os seus ferimentos veio a cura para nós.
Como ovelhas estávamos todos perdidos, cada qual ia em frente por seu caminho.
Foi então que o Senhor fez cair sobre ele o peso dos pecados de todos nós.”
Oprimido, ele se rebaixou, nem abriu a boca! Como cordeiro levado ao matadouro
ou ovelha diante do tosquiador, ele ficou calado, sem abrir a boca”
Triste Partida
Meu
Deus, meu Deus...
Setembro passou, outubro e Novembro. Já tamo em Dezembro, meu Deus, que é de nós! (Meu
Deus...)
Assim
fala o pobre do seco Nordeste. Com medo da peste, da fome feroz (ai, ai, ai,
ai)
A treze do mês ele fez experiência. Perdeu sua crença nas pedras de sal (Meu
Deus...)
Mas noutra esperança com gosto se agarra. Pensando na
barra do alegre Natal (Ai, ai, ai, ai)
Rompeu-se o Natal porém barra não veio. O sol bem vermeio
nasceu muito além (Meu Deus...)
Na copa da mata buzina a cigarra. Ninguém vê a barra pois
a barra não tem (ai, ai, ai, ai)
Sem chuva na terra descamba Janeiro. Depois fevereiro e o
mesmo verão (Meu Deus...)
Entonce o nortista pensando consigo, diz: "isso é
castigo não chove mais não" (ai, ai, ai, ai)
Apela pra Março que é o mês preferido Do santo querido,
Senhor São José (Meu
Deus...)
Mas
nada de chuva tá tudo sem jeito. Lhe foge do peito o resto da fé (ai, ai, ai,
ai)
Agora pensando ele segue outra tria. Chamando a famia,
começa a dizer. (Meu
Deus...)
Eu vendo meu burro meu jegue e o cavalo nós vamos a São
Paulo, viver ou morrer (ai, ai, ai, ai)
Nós vamos a São Paulo que a coisa tá feia. Por terras
alheia nós vamos vagar (Meu Deus...)
Se o nosso destino não for tão mesquinho. Cá e pro mesmo
cantinho nós torna a voltar (ai, ai, ai, ai)
E vende seu burro, jumento e o cavalo. Inté mesmo o galo
venderam também (Meu Deus...)
Pois
logo aparece, feliz fazendeiro. Por pouco dinheiro lhe compra o que tem (ai,
ai, ai, ai)
Em um caminhão ele joga a famia. Chegou o triste dia já
vai viajar (Meu Deus...)
A
seca terrível que tudo devora. Lhe bota pra fora da terra natá (ai, ai, ai, ai)
O carro já corre no topo da serra; Oiando pra terra seu
berço, seu lar (Meu
Deus...)
Aquele
nortista, partido de pena. De longe acena: adeus meu lugar (ai, ai, ai, ai)
No dia seguinte já tudo enfadado. E o carro embalado
veloz a correr (Meu
Deus...)
Tão
triste, coitado, falando saudoso. Seu filho choroso exclama a dizer. (ai, ai,
ai, ai)
De pena e saudade, papai sei que morro. Meu pobre cachorro,
quem dá de comer? (Meu Deus...)
Já outro pergunta: mãezinha, e meu gato? Com fome, sem
trato, mimi vai morrer (ai, ai, ai, ai)
E a linda pequena tremendo de medo. "Mamãe, meus
brinquedo, meu pé de fulô?" (Meu Deus...)
Meu pé de roseira, coitado,
ele seca e minha boneca também lá ficou (ai, ai, ai, ai)
E assim vão deixando com choro e gemido. Do berço
querido, céu lindo azul. (Meu Deus...)
O pai, pesaroso nos filho
pensando e o carro rodando na estrada do Sul (ai, ai, ai, ai)
Chegaram em São Paulo. Sem cobre quebrado. E o pobre
acanhado, procura um patrão (Meu Deus...)
Só vê cara estranha, de
estranha gente. Tudo é diferente do caro torrão (ai, ai, ai, ai)
Trabaia dois ano, três ano e mais ano. E sempre nos prano
de um dia vortar (Meu Deus...)
Mas
nunca ele pode, só vive devendo. E assim vai sofrendo, é sofrer sem parar (ai,
ai, ai, ai)
Se
arguma notícia das banda do norte. Tem ele por sorte o gosto de (Meu
Deus...)
Lhe bate no peito, saudade
lhe molho. E as água nos óio, começa a cair (ai, ai, ai, ai)
Do mundo afastado ali vive preso Sofrendo desprezo, devendo
ao patrão (Meu Deus...)
O tempo rolando, vai dia e
vem dia. E aquela famia não vorta mais não (ai, ai, ai, ai)
Distante
da terra tão seca mas boa. Exposto à garoa à lama e o paú ((Meu Deus...)
Faz pena o nortista, tão
forte, tão bravo. Viver como escravo no Norte e no Sul
Ai, ai, ai, ai!
4. Morte e
Vida Severina – (Introdução) - João
Cabral de Melo Neto
—
O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que
é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria como há muitos
Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias.
Mais
isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se
chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria.
Como
então dizer quem falo ora a Vossas Senhorias?
Vejamos:
é o Severino da Maria do Zacarias, lá da serra da Costela, limites da Paraíba.
Mas
isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos
de tantas Marias mulheres de outros tantos, já finados, Zacarias, vivendo na
mesma serra magra e ossuda em que eu vivia.
Somos
muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é
que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas e
iguais também porque o sangue, que usamos tem pouca tinta.
E
se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte
severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de
emboscada antes dos vinte de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é
que a morte Severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).
Somos
muitos Severinos iguais em tudo e na sina: a de abrandar estas pedras suando-se
muito em cima, a de tentar despertar terra sempre mais extinta,
A
de querer arrancar alguns roçado da cinza.
Mas,
para que me conheçam melhor Vossas Senhorias e melhor possam seguir a história
de minha vida, passo a ser o Severino que em vossa presença emigra.
Asa Branca
Quando olhei a terra ardendo,
qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai! Por que tamanha judiação! (Bis)
Eu perguntei a Deus do céu, ai! Por que tamanha judiação! (Bis)
Que braseiro, que fornalha! Nem
um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão (Bis)
Por falta d'água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão (Bis)
Inté mesmo a asa branca. Bateu
asas do sertão
Então eu disse, adeus Rosinha, guarda contigo meu coração (Bis)
Então eu disse, adeus Rosinha, guarda contigo meu coração (Bis)
Hoje longe, muitas léguas. Numa
triste solidão
Espero a chuva cair de novo, pra mim voltar pro meu sertão (Bis)
Espero a chuva cair de novo, pra mim voltar pro meu sertão (Bis)
Quando o verde dos teus
olhos. Se espalhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu, que eu voltarei, viu, meu coração (Bis)
Eu te asseguro não chore não, viu, que eu voltarei, viu, meu coração (Bis)
5. Poema do
Milho – (Fragmentos) – Cora Coralina
Milho... Punhado plantado nos quintais. Talhões fechados pelas
roças. Entremeado nas lavouras, baliza marcante nas divisas. Milho verde. Milho
seco. Bem granado, cor de ouro. Alvo. Às vezes vareia, - espiga roxa, vermelha,
salpintada.
Milho virado, maduro, onde o feijão enrama. Milho quebrado,
debulhado na festa das colheitas anuais.
Bandeira de milho levada para os montes largada pelas roças: Bandeiras
esquecidas na fartura. Respiga descuidada dos pássaros e dos bichos.
Milho empaiolado. Abastança tranqüila do rato, do caruncho. Do
cupim. Palha de milho para o colchão. Jogada pelos pastos. Mascada pelo gado. Trançada
em fundos de cadeiras.
Queimada nas coivaras. Leve mortalha de cigarros. Balaio de milho
trocado com o vizinho no tempo da planta. "- Não se planta, nos sítios,
semente da mesma terra".
Ventos rondando, redemoinhando. Ventos de outubro.
Tempo mudado. Revôo de saúva. Trovão surdo, tropeiro. Na vazante
do brejo, no lameiro, o sapo-fole, o sapo-ferreiro, o sapo-cachorro. Acauã de
madrugada marcando o tempo, chamando chuva.
Roça nova encoivarada, começo de brotação. Roça velha destocada. Palhada
batida, riscada de arado. Barrufo de chuva. Cheiro de terra; cheiro de mato, Terra
molhada, Terra saroia.
Noite chuvada, relampeada. Dia sombrio. Tempo mudado, dando
sinais. Observatório: lua virada. Lua pendida... Circo amarelo, distanciado, marcando
chuva. Calendário, Astronomia do
lavrador.
Planta de milho na lua-nova. Sistema velho colonial. Planta de
enxada. Seis grãos na cova, quatro na regra, dois de quebra. Terra arrastada
com o pé, pisada, incalcada, mode os bichos.
Lanceado certo-cabo-da-enxada... Vai, vem...
sobe, desce... terra molhada, terra saroia... Seis grãos na cova; quatro na regra,
dois de quebra Sobe. Desce... Camisa de riscado, calça de mescla Vai, vem... golpeando
a terra, o plantador.
Na sombra da moita, na volta do toco - o
ancorote d'água:
Cavador de milho, que está fazendo? A que
milênios vem você plantando. Capanga de grãos dourados a tiracolo. Crente da
Terra, Sacerdote da terra. Pai da terra. Filho da terra. Ascendente da terra. Descendente
da terra. Ele; mesmo; terra.
Planta com fé religiosa. Planta sozinho,
silencioso. Cava e planta. Gestos pretéritos, imemoriais... Oferta remota;
patriarcal. Liturgia milenária. Ritual de paz. Em qualquer parte da Terra um
homem estará sempre plantando, recriando a Vida.
Recomeçando o Mundo. Milho plantado; dormindo
no chão, aconchegados seis grãos na cova. Quatro na regra, dois de quebra. Vida
inerte que a terra vai multiplicar
Evém a perseguìção: o bichinho anônimo que
espia, pressente. A formiga-cortadeira - quenquém. A ratinha do chão,
exploradeira. A rosca vigilante na rodilha, o passo-preto vagabundo,
galhofeiro, vaiando, sorrindo... aos gritos arrancando, mal aponta. O cupim
clandestino roendo, minando, só de ruindade.
E o milho realiza o milagre genético de nascer: Germina. Vence os
inimigos, aponta aos milhares. - Seis grãos na cova. - Quatro na regra, dois de
quebra, Um canudinho enrolado. Amarelo-pálido, frágil, dourado, se levanta. Cria
sustância. Passa a verde. Liberta-se. Enraíza, Abre folhas espaldeiradas. Encorpa.
Encana. Disciplina, com os poderes de Deus.
Jesus e São João desceram de noite na roça, botaram a bênção no milho,
e veio com eles uma chuva maneira, criadeira, fininha, uma chuva velhinha, de
cabelos brancos, abençoando a infância do milho.
O mato vem vindo junto, Sementeira.
As pragas todas, conluiadas. Carrapicho. Amargoso. Picão. Marianinha.
Caruru-de-espinho. Pé-de-galinha. Colchão. Alcança, não alcança. Competição. Pac...
Pac... Pac... a enxada canta. Bota o mato abaixo. arrasta uma terrinha para o
pé da planta. "...- Carpa bem feita vale por duas..." Quando pode.
Quando não... sarobeia. Chega terra O milho avoa.
Cresce na vista dos olhos. Aumenta de dia. Pula de noite. Verde
Entonado, disciplinado, sadio.
Agora... A lagarta da folha, lagarta rendeira... Quem é que vê? Faz
a renda da folha no quieto da noite. Dorme de dia no olho da planta, Gorda;
Barriguda. Cheia. Expurgo: nada... força da lua.., Chovendo acaba - a Deus
querê.
"O mio tá bonito..." "-Vai sê bão o tempo pras
lavoras todas." "-O mio tá marcando..." Condieionando o futuro: "-
O roçado de seu Féli tá qui fais gosto... Um refrigério" "- O mio lá
tá verde qui chega a s'tar azur..." - Conversam vizinhos e compadres.
Milho crescendo, garfando, esporando nas defesas...
Milho embandeirado. Embalado pelo vento.
"Do chão ao pendão, 60 dias vão".
Passou aguaceiro, pé-de-vento. "- O milho acamou..."
"- Perdido?"... Nada... Ele arriba com os poderes de Deus..." E
arribou mesmo; garboso, empertigado, vertical
No cenário vegetal um engraçado boneco de frangalhos sobreleva,
vigilante. Alegria verde dos periquitos gritadores... Bandos em seqüência...
Evolução... Pouso... retrocesso.
Manobras em conjunto. Desfeita formação. Roedores grazinando, se
fartando, foliando, vaiando os ingênuos espantalhos.
"Jesus e São João andaram de noite passeando na lavoura e
botaram a bênção no milho". Fala assim gente de roça e fala certo. Pois
não está lá na taipa do rancho o quadro deles, passeando dentro dos trigais? Analogias...
Coerências.
Milho embandeirado bonecando em gestação. - Senhor!... Como a roça
cheira bem! Flor de milho, travessa e festiva. Flor feminina, esvoaçante, faceira.
Flor masculina - lúbrica, desgraciosa.
As bandeiras altaneiras vão se abrindo em formação. Pendões ao
vento. Extravasão da libido vegetal. procissão fálica, pagã. Um sentido
genésico domina o milharal. Flor masculina erótica, libidinosa, polinizando,
fecundando a florada adolescente das bonecas:
Tons maduros de amarelo. Tudo se volta para a terra-mãe. O tronco
seco é um suporte, agora, onde o feijão verde trança, enrama, enflora.
Montes de milho novo, esquecidos, marcando claros no verde que
domina a roça. Bandeiras perdidas na fartura das colheitas. Bandeiras largadas,
restolhadas. E os bandos de passo-pretos galhofeiros gritam e cantam na respiga
das palhadas.
"Não andeis a respigar" - diz o preceito bíblico. O grão
que cai é o direito da terra. A espiga perdida - pertence às aves que têm seus
ninhos e filhotes a cuidar. Basta para ti, lavrador, o monte alto e a tulha
cheia. Deixa a respiga para os que não plantam nem colhem - O pobrezinho que
passa. - Os bichos da terra e os pássaros do céu.
Boiadeiro
Luiz Gonzaga
Vai boiadeiro que a noite já vem. Guarda o teu gado e vai
pra junto do teu bem
De manhazinha quando eu
sigo pela estrada. Minha boiada pra invernada eu vou levar
São dez cabeça é muito pouco é quase nada mas não tem outras mais bonitas no luga
São dez cabeça é muito pouco é quase nada mas não tem outras mais bonitas no luga
Vai
boiadeiro que o dia já vem. Leva o teu gado e vai pensando no teu bem
De tardezinha quando eu
venho pela estrada, A fiarada ta todinha a me esperar
São dez fiinho é muito pouco é quase nada mas não tem outros mais bonitos no lugar
São dez fiinho é muito pouco é quase nada mas não tem outros mais bonitos no lugar
Vai
boiadeiro que a tarde já vem. Leva o teu gado e vai pensando no teu bem
E quando eu chego na
cancela da morada. Minha Rosinha vem correndo me abraçar
É pequenina é miudinha é
quase nada mas não tem outra mais bonita no lugar
Vai boiadeiro que a noite já vem. Guarda o teu gado e vai
pra junto do teu bem
5. “Alegria: a vida vai surgindo de novo” – (Joel Zeferino) - Leitura meditativa
“E
vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque
ele vos dará em justa medida a chuva temporã; fará descer a chuva no primeiro
mês, a temporã e a serôdia. E as eiras se encherão de trigo, e os lagares
transbordarão de mosto e de azeite” (Joel 2:23-24)
A gente se esquece de tanta coisa... É
quase inevitável: são tantas experiências acumuladas, que não damos conta de
trazer todas elas na mente. E isso falando apenas das experiências individuais
– quando pensamos nas coletivas, ai é que tudo se complica mais. É tanta
história que não damos conta; ainda mais agora por conta das novas tecnologias,
somos expostos “em tempo real” a história do mundo todo e de todo mundo em dois
cliques...
Ainda assim, é preciso recordar. Se nos
esquecemos o porquê das coisas, perdemos não apenas um conjunto de informações,
mas um pouco de quem somos. E quem somos afinal? Essa é uma daquelas perguntas
que tem todas as respostas possíveis, e ao mesmo tempo nenhuma satisfatória.
Mas ai é que entra a memória. Ai é que entram as histórias que nossos pais e
avós contavam; de nosso chão, de onde
brota não apenas espigas de milho e amendoim – brota a nossa vida.
Colocar de novo os pés na terra, e lembrar
que a comida que temos na nossa dispensa não nasceu ali; que o leite não vem do
supermercado; que a origem de tudo é lá no campo, onde se planta a semente, e
se espera a colheita. É dessa simplicidade original que tudo mais aparece. Por
isso, é preciso recordar.
Recordar que no final das contas, somos
todos dependentes da natureza; que se a chuva falta, ou cai em excesso; se a
praga toma conta do campo; se falta o trigo o mosto e o azeite, ou melhor, o
milho, o jenipapo e o dendê, nossa mesa fica vazia, de vida e de alegria. Mas
se a chuva vem no tempo certo, ah! então logo é tempo de colher; depois é ir
pra cozinha, acender o fogo; cozinhar o milho, fazer compotas e bebidas de
jenipapo, descascar a laranja, colocar o amendoim na panela; chamar os amigos,
repartir a mesa, dançar e festejar. No coração, o sentimento de gratidão
profunda, pelo Senhor da natureza ter mandado tudo o que precisamos para a
nossa vida.
É isso. Precisamos recordar, orar,
agradecer e é claro, festejar!
Olha Pro Céu
Luiz Gonzaga
Olha pro céu, meu amor. Vê como ele está
lindo
Olha praquele balão multicor. Como no céu vai sumindo (Bis)
Olha praquele balão multicor. Como no céu vai sumindo (Bis)
Foi numa noite igual a esta, que tu me
deste o coração
O céu estava assim em festa. Pois era noite de São João
O céu estava assim em festa. Pois era noite de São João
Havia balões no ar Xote, baião no salão
E no terreiro o teu olhar Que incendiou meu coração
E no terreiro o teu olhar Que incendiou meu coração
A Vida do Viajante
Luiz Gonzaga
Minha vida é andar por esse país pra ver
se um dia descanso feliz
Guardando as recordações, das terras por onde passei.
Guardando as recordações, das terras por onde passei.
Andando pelos sertões. E dos amigos que lá
deixei.
Chuva e sol. Poeira e carvão. Longe de
casa sigo o roteiro mais uma estação
E a saudade no coração
E a saudade no coração
Minha vida...
Mar e terra. Inverno e verão. Mostra o
sorriso. Mostra a alegria. Mas eu mesmo não
E a alegria no coração
E a alegria no coração
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