“Estes que tem transtornado o mundo chegaram até aqui...” (Atos 17:6b)
"Oh! o negócio está apenas começado, bem longe de ser completado, e a terra terá de sofrer ainda muito, mas atingiremos nosso fim, seremos césares e então pensaremos na felicidade universal". (Os irmãos Karamazov – F. Dostoievski)
Um escândalo: homens, mulheres e crianças; judeus e gentios; servos e livres; letrados e iletrados. Todos fazendo parte de uma mesma comunidade, sem qualquer distinção a não ser pelo carisma-dom de cada um. Mais do que isso: anunciando que um homem pobre, que nasceu na desconhecida Galiléia, que viveu entre os excluídos de seu povo: prostitutas, publicanos, aleijados e leprosos; que morreu na cruz como um agitador; este era ao mesmo tempo o “Filho de Deus” e “Salvador da humanidade”. Obviamente para as elites deste tempo, isto era considerado um completo disparate! Pois ao invés de uma sofisticada doutrina de salvação, via iluminação através do conhecimento, ou de elaborados rituais e sacrifícios, os discípulos do Nazareno pregavam que Deus estava salvando a humanidade através da fé no Cristo, na simplicidade da vida, na comunhão do pão e do vinho, na compaixão para com os que estão em dificuldades (Tg. 1:26-27). Simples assim: fé, amor e solidariedade salvariam a humanidade, e seriam o verdadeiro critério para o julgamento Divino (Mt. 25:31-46). Por essa “ousadia”, as primeiras comunidades cristãs pagaram caro: foram alvo da intolerância por pessoas formadas na tradição judaica, por outros de cultura helênica, e principalmente por parte do império e suas estruturas de poder.
Com o passar do tempo, a situação foi ficando bem diferente: de uma “seita” formada por mulheres, pobres e crianças, o Cristianismo se tornou uma religião mundial, com templos que se assemelham a palácios, e detendo uma quantidade de poder – financeiro, político, social – que se reunidos numa única frente, poderiam modificar a realidade do mundo. Mas não mudou somente a situação socioeconômica. Mudaram também os valores. De oprimidos, em alguns casos, passamos a opressores. De “transtornadores” da realidade, nos acomodamos a ela, e nos tornamos conservadores, burgueses, moralistas. Ao invés de sermos os primeiros a incluir os novos marginalizados da sociedade, somos os últimos, e sempre com uma profunda má-vontade e resistência. Ficamos a reboque das leis; quando elas nos impedem de continuar segregando os negros (vide a África do Sul e EUA), paramos. Penso que, como diz o sociólogo de origem pentecostal Gedeon Freire, que no futuro, quando a lei impedir à discriminação e a incitação a violência contra os homossexuais, mesmo a contragosto, as comunidades cristãs irão se adequar para continuarem gozando de “legalidade e legitimidade” que parece que se tornou a grande obsessão do movimento cristão.
É verdade que comunidades cristãs prosseguem aqui e ali mantendo o espírito primeiro: pessoas que durante a semana são “invisíveis” por exercerem funções subalternas na sociedade, aos domingos se transformam em pregadores, pastoras e profetas, e passam a deter o poder de anunciar a mensagem de Deus; podem participar ativamente dos grupos de estudos, orarem em público, e não obstante não serem nada parecidos uns dos outros, são considerados e respeitados em suas diferenças e individualidade. Mas... ao mesmo tempo, o chamado “movimento de crescimento de igrejas” é uma frustração para quem ainda sonha com um Evangelho comprometido com a vida e com a humanidade. O que dizer de que igrejas adotam o sistema de “segmentação”, por que leram num livro da moda que diz que a igreja deve direcionar sua mensagem a um “público-alvo”, conseguindo assim uma maior eficiência no atendimento a essa “fatia do mercado”, e com isso, um número maior de membros? Claro que do ponto de vista da pragmático, é uma maravilha: pessoas parecidas, com gostos parecidos, reunidos num espaço que reflete o gosto comum.
Do lado de fora fica o resto do mundo, junto com Cristo, batendo na porta...
bom zeff, realmente para onde a igreja de cristo está indo não sei,será que é rumo a uma salvação, ou para uma perdição coletiva? A verdade é que a igreja caminha contrária os ensinamentos do seu mestre e acho que ele nem bateira na porta,mas sim expulsaria novamente os ladrôes e cambista da casa do seu pai.
ResponderExcluirÉ possível, diria até bem provável. A outra questão porém é que o termo "igreja" é uma incógnita, no sentido de ou se referir a uma grande abstração - "a igreja" ou no sentido particular, de uma denominação ou comunidade local. Se for nesse último caso, é possível que algumas comunidades "se salvem". Mas isso também está em aberto...
ResponderExcluirÉ ZEFF AS VEZES SINTO FALTA DO ANTIGO PERSONAGEM DE CHICO ANIZIO CHAMADO TIM TONY DESCULPA SE ME ENGANEI, MAS ESSE PERSONAGEM HOJE AINDA ESTA ATUAL.
ResponderExcluirSOBRE O COMENTARIO ANTERIOR, PENSANDO NA MUSICA DE ZÉ RAMALHO, CIDADÃO E FAZENDO UMA LIGAÇÃO REALMENTE O CRISTO HOJE TAMBÉM NÃO ENTRARIA COMO OS AMADIÇOADOS QUE NÃO RECEBEM A BENÇÃO POR QUER NÃO TEM FÉ PARA DAR SEU TUDO.
ResponderExcluir